AULA 6 - CAPÍTULO 4 DA INCRÍVEL HISTÓRIA DOS DISPOSITIVOS MÉDICO

 Bomba de infusão, um equipamento vital para a administração segura e precisa de medicamentos.


📖 História ficcional : A gota a mais 

No setor de oncologia de um hospital público, a enfermeira Letícia acompanhava a infusão de quimioterapia em um paciente chamado Roberto. A bomba de infusão indicava que tudo corria bem, mas Letícia percebeu que o paciente começava a apresentar náuseas e tremores antes do tempo previsto.

Ao revisar o equipamento, ela notou que a taxa de infusão havia sido alterada por engano durante a troca de turno. A dose estava sendo administrada mais rapidamente do que o protocolo exigia.

Letícia interrompeu a infusão, reprogramou a bomba e notificou a equipe. O erro foi corrigido a tempo, e Roberto não sofreu complicações. A história demonstra que, na Enfermagem, cada mililitro conta e descreve como a intervenção rápida de Letícia, evitou uma infusão crítica no fluxo do medicamento, salvando a vida de Roberto. O desfecho da história pode destacar como a tecnologia da bomba de infusão permite a administração de medicamentos em doses minúsculas e precisas, algo impossível de ser feito manualmente com precisão; mas a vigilância da enfermeira, mesmo com a automação, é insubstituível.


📚 Histórico técnico da bomba de infusão

Origens: As primeiras bombas surgiram nos anos 1960, com sistemas mecânicos rudimentares para administração intravenosa de medicamentos.

Evolução:

Década de 1980: introdução de bombas digitais com microprocessadores e sensores de precisão.

Hoje: bombas programáveis, com alarmes inteligentes, compatíveis com diferentes tipos de equipos e terapias.

Tipos principais:

Volumétrica: controla o volume infundido por tempo.

Seringa: ideal para pequenas doses e medicamentos sensíveis.

Ambulatorial: portátil, usada em tratamentos domiciliares.


⚠️ Cuidados e precauções no uso

Programação correta: verificar dose, tempo e tipo de medicamento.

Compatibilidade do equipo: usar equipos certificados para o modelo da bomba.

Monitoramento constante: observar sinais clínicos e alarmes do equipamento.

Evitar bolhas de ar: purgar o equipo antes da infusão.

Manutenção preventiva: seguir cronograma técnico do fabricante.

Descreveremos o histórico e evolução mais detalhadamente adiante.


 Legislação e Boas Práticas no Uso de Bombas de Infusão no Brasil

As bombas de infusão, como dispositivos médicos de Classe de Risco II ou superior (dependendo de sua finalidade e complexidade), são estritamente regulamentadas no Brasil para garantir a segurança e eficácia no ambiente clínico. A legislação e as diretrizes de segurança aplicáveis são coordenadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Caso não lembre, entenda sobre a classificação da ANVISA na aula 1


📜 Legislação brasileira e internacional

Brasil:

RDC nº 539/2021 da ANVISA: estabelece requisitos mínimos de identidade e qualidade para equipos de infusão usados com bombas.

Lei nº 9.782/1999: define competências da ANVISA na regulação de dispositivos médicos.

 Resolução RDC nº 751/2022 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a qual dispõe sobre a classificação de risco, os regimes de notificação e de registro, e os requisitos de rotulagem e instruções de uso de dispositivos médicos, refletindo os avanços no setor de dispositivos médicos que ocorreram nos últimos anos, além de promover a internalização da Resolução Mercosul GMC nº 25/2021. 

RDC Nº 848, DE 6 DE MARÇO DE 2024 Dispõe sobre os requisitos essenciais de segurança e desempenho aplicáveis aos dispositivos médicos e dispositivos médicos para diagnóstico in vitro (IVD). 

1. Registro e Regularização de Bombas de Infusão (ANVISA)

Registro Obrigatório

No Brasil, é obrigatório que qualquer produto para a saúde, incluindo as bombas de infusão, obtenha o Registro na ANVISA antes de ser comercializado, importado ou exposto ao uso.

  • Fundamentação Legal: A regulamentação principal para dispositivos médicos é a Lei nº 6.360/76 e suas atualizações, e especificamente a RDC ANVISA nº 185/2001 (e posteriores RDCs que a complementam e atualizam, como a RDC 40/2015 sobre requisitos para registro).

  • Finalidade do Registro: O registro comprova que o fabricante demonstrou, por meio de documentação técnica e ensaios, que o equipamento atende aos requisitos de segurança, desempenho e qualidade estabelecidos pelos padrões nacionais e internacionais (como as normas da ABNT e IEC aplicáveis).

⚠️ Importância para o Profissional de Saúde

É um dever ético e legal dos profissionais de saúde e das instituições utilizar somente equipamentos devidamente regularizados (com número de registro ANVISA válido). O uso de bombas sem registro pode expor os pacientes a riscos desconhecidos e desqualifica o hospital em auditorias e processos de acreditação. A verificação do registro pode ser feita diretamente no portal da ANVISA.


2. Segurança do Paciente e Boas Práticas

O uso das bombas de infusão deve estar alinhado com as diretrizes de segurança do paciente, tanto internacionais quanto nacionais, visando à administração segura de medicamentos.

Metas Internacionais de Segurança do Paciente (OMS/ANVISA)

As bombas de infusão estão diretamente relacionadas ao cumprimento de uma das seis Metas Internacionais de Segurança do Paciente da Organização Mundial da Saúde (OMS), adotadas e implementadas no Brasil pela ANVISA através do Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), instituído pela Portaria MS nº 529/2013.

  • Meta 3: Melhorar a Segurança da Medicação de Alta Vigilância (High Alert Medication):

    • As bombas de infusão são o principal instrumento de controle de medicamentos de alta vigilância (ex: heparina, insulina, drogas vasoativas).

    • A ANVISA incentiva o uso de Bombas Inteligentes com biblioteca de fármacos (DERS - Dose Error Reduction Software) para prevenir erros de programação, conforme abordado na Nota Técnica (NT) nº 01/2018 (GVIMS/GGTES/ANVISA), que trata da Segurança na Utilização de Bombas de Infusão.

Protocolo de Segurança na Prescrição, Uso e Administração de Medicamentos

Este protocolo, um dos seis protocolos básicos do PNSP/ANVISA, reforça a importância das seguintes etapas que envolvem diretamente a bomba de infusão:

  • Dupla Checagem: A verificação por dois profissionais é um requisito fundamental para a programação da bomba, especialmente para medicamentos de alto risco, visando evitar os erros de taxa, concentração e volume.

  • Identificação: Garante que o medicamento correto está sendo administrado ao paciente correto, na dose e via corretas, monitorando o funcionamento do dispositivo.

A legislação nacional, por meio da ANVISA, assegura que apenas equipamentos seguros e eficazes sejam utilizados, enquanto as diretrizes de segurança do paciente estabelecem o uso correto e monitorado desses dispositivos para proteger os pacientes contra erros de medicação.


Legislação Internacional: em nosso território também adotamos a necessidade de

certificações exigidas para comercialização global como: 

- CE

Muitos produtos só podem ser vendidos na UE se ostentarem a marcação CE. Com esta marcação, o fabricante indica que um produto cumpre os requisitos estabelecidos nas regras da UE em matéria de produtos. A marcação CE permite que o produto circule e seja comercializado livremente na UE, independentemente de onde seja fabricado (indica que o produto cumpre os requisitos de segurança, desempenho e qualidade definidos nos regulamentos europeus, como o MDR (Regulamento (UE) 2017/745) e o IVDR (Regulamento (UE) 2017/746).)

- FDA 

Para fabricantes de dispositivos médicos que buscam acessar o mercado dos Estados Unidos, o sistema de classificação estabelecido pela Agência de Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (Food and Drug Administration, FDA) é um determinante crítico da estratégia regulatória. A classificação do dispositivo não é simplesmente um rótulo inicial, ela dita a via regulatória do dispositivo, os requisitos de dados, a extensão da supervisão da FDA e as obrigações para a conformidade pré-comercialização e pós-comercialização

- ISO 13485.

A ISO 13485 é a norma internacional de sistema de gestão da qualidade (SGQ) para dispositivos médicos. Com a segurança do paciente no centro, seu objetivo é garantir que os fabricantes cumpram os requisitos regulamentares e dos clientes. A norma fornece às organizações uma estrutura para a implementação do QMS. Isso inclui o estabelecimento - e a manutenção de processos que garantam a segurança e a qualidade durante todo o ciclo de vida do produto. O projeto, o desenvolvimento, a produção, a distribuição, a instalação e a manutenção do produto devem ser cuidadosamente considerados e consistentes.

A ISO 13485 se originou dos requisitos da ISO 9001, aprimorando os requisitos para obter documentação, monitoramento, projeto e controles de fabricação eficazes para produzir dispositivos médicos seguros. A ISO 13485 também adota uma abordagem granular em relação ao feedback do cliente, ao gerenciamento de produtos fora de conformidade e à implementação de melhorias. Essa norma foi publicada pela primeira vez em 1996 pela Organização Internacional para Padronização (conhecida como ISO) especificamente para a indústria de aparelhos médicos, incluindo fabricantes, fornecedores, prestadores de serviços, distribuidores e importadores. Atualmente, existem mais de 33.000 certificados ISO 13485 válidos que foram emitidos por organismos de certificação acreditados, como a NSF.


OBS: Protocolos internacionais reforçam a importância da rastreabilidade e segurança na administração de medicamentos intravenosos.


💡 Dica para profissionais de Enfermagem

“A bomba de infusão é como um maestro: rege o ritmo da terapia. Cabe ao enfermeiro garantir que a sinfonia não saia do compasso.”



HISTÓRICO

A história da bomba de infusão é um reflexo direto da necessidade médica de administrar fluidos, medicamentos e nutrientes com maior precisão e segurança do que os métodos manuais permitiam, especialmente para drogas potentes, em terapias intensivas e na pediatria.


1. Os Precursores: Infusões por Gravidade (A Era da Precisão Limitada)

O método mais antigo e precursor da infusão intravenosa moderna era a infusão por gravidade.

  • Mecanismo: A taxa de fluxo era determinada pela altura da bolsa ou frasco de soro em relação ao paciente e pelo ajuste de um clamp (pinça) manual no equipo.

  • Limitações: A precisão era limitada e variável. A taxa de gotejamento podia ser influenciada por:

    • Variações na altura do reservatório.

    • Mudanças na viscosidade do fluido.

    • Obstruções parciais ou dobras no equipo.

    • A pressão venosa do paciente.

    • A calibração do olho humano para contar gotas.

Essa falta de precisão era particularmente perigosa ao administrar medicamentos que exigiam concentrações séricas muito específicas, como drogas vasoativas, eletrólitos e certos sedativos, e era um desafio constante em pacientes pediátricos e neonatais, onde pequenos erros de volume e taxa poderiam ter consequências graves.


2. O Surgimento das Primeiras Bombas de Infusão (A Busca por Controle)

A necessidade de um dispositivo que pudesse garantir uma taxa de infusão constante e rigorosa impulsionou o desenvolvimento dos primeiros equipamentos mecânicos.

1940s: Bombas Peristálticas e Aplicações Iniciais

  • Os primeiros equipamentos que utilizavam movimentos propulsores mecânicos, muitas vezes de natureza peristáltica (o movimento de rolos que comprimem e empurram o fluido através de um tubo), surgiram na Década de 1940.

  • Contexto: Inicialmente, muitos desses dispositivos foram desenvolvidos para a circulação extracorpórea e para a perfusão em estudos fisiológicos in vitro, onde era essencial manter um fluxo contínuo e controlado de soluções nutritivas.

Anos 1950: As Primeiras Bombas de Seringa (Syringe Pumps)

  • Invenção/Marco: Por volta de 1951, a empresa B. Braun (Alemanha) desenvolveu o que é considerado um antecessor da Perfusora, uma Syringe Pump (Bomba de Seringa), projetada especificamente para administrar pequenas e precisas quantidades, inicialmente para medicações vasodilatadoras.

  • Características: As bombas de seringa são um dos modelos mais precisos, utilizando um dispositivo motorizado (como um sistema de engrenagens ou um eixo sem-fim) para empurrar o êmbolo da seringa de forma contínua e controlada.

  • Relevância: Este tipo de bomba provou ser crucial para a pediatria/neonatologia e para a administração de fármacos que requerem um controle rigoroso de fluxo em volumes muito pequenos.

Anos 1970: A Bomba de Infusão Volumétrica

  • Invenção/Marco: Em 1971, a B. Braun introduziu a Infusomat, considerada uma das primeiras bombas de infusão volumétricas.

  • Características: A bomba volumétrica utiliza um mecanismo (geralmente peristáltico ou um sistema de cassete) para bombear líquidos através de um equipo de soro comum. Elas são adequadas para administrar grandes volumes e são o tipo mais comum em ambientes hospitalares.

  • Impacto: Isso marcou a transição para equipamentos capazes de controlar não apenas a taxa, mas também o volume total a ser infundido, garantindo maior segurança em terapias de hidratação, nutrição parenteral e grandes volumes de medicamentos.


3. A Evolução para a Segurança e a Tecnologia

  • Aparência Inicial: as primeiras bombas eram, de fato, grandes e volumosas em comparação com os modelos compactos atuais.

  • Avanços Posteriores (Anos 80 em diante):

    • Microprocessadores: A incorporação de tecnologia eletrônica e microprocessadores permitiu a criação de dispositivos muito mais precisos, confiáveis e capazes de executar funcionalidades complexas.

    • Bibliotecas de Fármacos (Dose Error Reduction Software - DERS): Bombas modernas (frequentemente chamadas de "bombas inteligentes") possuem bancos de dados internos com informações sobre dosagens, diluições e protocolos, alertando o usuário sobre erros de programação (como doses máximas, mínimas e limites de concentração), aumentando drasticamente a segurança do paciente.

    • Portabilidade: O desenvolvimento de bombas menores e mais leves, incluindo as elastômeras (sem peças eletrônicas ou bateria, dependendo da pressão de um balão) e os dispositivos portáteis, facilitou o uso em cuidados domiciliares (home care), como para quimioterapia ou analgesia controlada pelo paciente (PCA).

A precisão controlada pela bomba de infusão se tornou indispensável para a Terapia Intensiva (UTI), o tratamento oncológico, a anestesia, e qualquer cenário onde a administração controlada de medicamentos (especialmente drogas vasoativas, sedativos e analgésicos) é crítica para a estabilidade e sobrevivência do paciente.

A busca por maior controle e precisão atingiu um novo patamar com o trabalho de Dean Kamen, um inventor, empresário e engenheiro americano conhecido por suas invenções que combinam tecnologia avançada com melhoria na qualidade de vida.

O Papel de Dean Kamen: A Primeira Bomba de Insulina

O marco mais relevante de Dean Kamen no campo da infusão é a invenção da primeira bomba de infusão portátil de insulina (e de outros medicamentos).

  • Invenção/Empresa: Por volta de 1976 a 1977, Kamen, então um jovem estudante universitário, inventou a primeira bomba de infusão automatizada de medicamentos. Ele fundou a empresa AutoSyringe, Inc., para comercializar o dispositivo.

  • Contexto: A invenção surgiu da necessidade de fornecer insulina de forma contínua e precisa para pacientes diabéticos. A tecnologia da bomba de seringa foi adaptada para ser um dispositivo vestível e discreto, liberando os pacientes das múltiplas injeções diárias.

  • Relevância: Esta invenção marcou o nascimento da terapia contínua de infusão subcutânea (CSII) e abriu o caminho para a portabilidade e a autonomia do paciente. Embora não seja a primeira bomba de infusão hospitalar (volumétrica ou de seringa), é amplamente creditada como a primeira bomba de infusão ambulatorial (portátil e vestível).

  • Venda e Impacto: A AutoSyringe foi vendida mais tarde à Baxter Healthcare em 1981, disseminando a tecnologia no mercado médico.

O trabalho de Kamen não se limitou à primeira bomba de insulina. Ele fundou a DEKA Research & Development Corporation em 1982 e continuou a inventar soluções médicas complexas, muitas delas focadas na portabilidade e no cuidado domiciliar.

  • Máquina de Diálise Peritoneal Portátil: Kamen e sua equipe na DEKA desenvolveram o sistema HomeChoice PD (Diálise Peritoneal Domiciliar), um aparelho pequeno que permite aos pacientes realizar diálise em casa, durante a noite. Esta máquina tem a complexidade de infundir e permitir o fluxo retrógrado (drenagem), permitindo o controle do "balanço hídrico" da diálise .

  • Continuidade em Patentes de Bombas: Dean Kamen (e vários co-inventores da DEKA) são citados em numerosas patentes relacionadas a conjuntos de bombas de infusão portáteis e componentes associados (como válvulas, mecanismos de bomba peristáltica e sistemas de controle eletrônico) em anos posteriores (como em 2007, 2008 e 2014, conforme o resultado da busca).

Palavra chave: "programação"

🔬 Tipos de Bombas de Infusão: Diferenças Técnicas e Alarmes Comuns

Compreender o mecanismo interno das bombas de infusão ajuda a equipe de enfermagem a solucionar problemas e a entender as limitações e capacidades de cada equipamento.

1. Mecanismos de Bombeamento: Peristáltica Linear vs. Rotativa

As bombas de infusão volumétricas (aquelas que administram volumes maiores) geralmente dependem do princípio peristáltico, que imita a ação muscular para mover o fluido.

2. Alarmes Comuns de Oclusão (E Por Que Eles Ocorrem)

Um dos alarmes mais importantes de uma bomba de infusão é o de Oclusão. As bombas possuem sensores de pressão que monitoram a resistência ao fluxo no equipo. Se essa resistência (pressão) exceder um limite programado, o alarme é ativado para alertar sobre um potencial problema de fluxo.

Existem dois tipos principais de oclusão que disparam alarmes:

A. Oclusão a Montante (Upstream Occlusion)

Ocorre entre a bolsa de soro/frasco e a bomba de infusão.

B. Oclusão a Jusante (Downstream Occlusion)

Ocorre entre a bomba de infusão e o acesso venoso do paciente. Este é frequentemente o tipo mais perigoso, pois o atraso no tratamento pode ser crítico.



Característica

Bomba Peristáltica Linear

Bomba Peristáltica Rotativa

Mecanismo

Uma série de dedos ou barras (elementos propulsores) empurram e comprimem sequencialmente um segmento reto do tubo de silicone do equipo.

Rotores (cabeça giratória) pressionam o tubo de silicone contra uma placa ou uma caixa, movendo-o em um movimento circular contínuo.

Funcionamento

Movimento de "ordenha" linear. Um segmento é sempre comprimido para isolar o fluido e garantir o fluxo.

Movimento de "aperto" rotacional.

Vantagens

Geralmente oferece maior precisão em baixas taxas de fluxo e pulsação minimizada (fluxo mais suave) em comparação com modelos rotativos mais antigos.

Simples e robusta. Comumente usada em aplicações de alto fluxo (como em bypass cardiopulmonar ou diálise).

Desvantagens

Pode exigir equipos e cassetes proprietários para garantir o alinhamento perfeito do tubo com os dedos propulsores.

Pode gerar mais pulsação no fluxo, o que é desvantajoso em infusões de alta precisão (embora modelos modernos tenham mecanismos de compensação).

Uso Comum

Bombas Volumétricas Hospitalares (a maioria das bombas de infusão multipropósito).

Bombas para transfusão de sangue, bombas de nutrição enteral e algumas máquinas de diálise.



Causa Comum

Como Resolver/Verificar

Oclusão Venosa: O cateter, scalp, o cateter sobre agulha ("jelco"), PICC ou CVC, está dobrado, mal posicionado (encostado na parede da veia), ou trombosado.

Verificar a permeabilidade do cateter (puxar e injetar salina), reposicionar o membro do paciente.

Obstrução na Linha: A torneira de três vias ou a extensão do equipo está fechada, dobrada ou possui precipitação de medicação.

Verificar todas as torneiras e conexões. Inspecionar o equipo visualmente.

Infiltração (Extravasamento): Em casos de infiltração, a pressão no local pode aumentar, e alguns sistemas de bomba podem detectar isso como oclusão.

Avaliar o local de inserção do cateter em busca de edema, dor ou palidez.


Precaução, Perigos e Cuidados:

O avanço da tecnologia com a bomba de infusão eletrônica transformou a segurança da administração medicamentosa. No entanto, é crucial que a equipe de enfermagem reconheça que a sofisticação da máquina não anula a necessidade de vigilância humana; ela apenas a eleva.

O principal cuidado no manejo da bomba de infusão é a sua correta programação.

O Risco do Erro de Programação: Uma Questão de Segurança do Paciente

Erros de programação são classificados como um dos tipos mais perigosos de erros de medicação, pois a bomba, sendo um sistema automatizado, administrará fielmente a instrução incorreta, muitas vezes em taxas rápidas demais (overdose) ou lentas demais (subdose), de forma contínua e prolongada.

1. Taxa de Fluxo e Dose (O Perigo da Dupla Consequência)

Um erro na programação da taxa de fluxo (mL/h) ou da dose (mg/kg/min ou unidades/h) pode ter consequências fatais, especialmente com medicamentos de alto risco (high-alert medications) como:

  • Drogas Vasoativas (Ex: Noradrenalina): Uma superdosagem pode levar a uma crise hipertensiva severa, isquemia ou arritmias. Uma subdosagem pode resultar em choque e colapso circulatório.

  • Insulina: Uma taxa excessiva pode causar hipoglicemia grave e dano neurológico irreversível.

  • Opióides (Ex: Fentanil): A administração muito rápida pode induzir depressão respiratória e parada cardiorrespiratória.

A bomba atua como um braço robótico fiel; se a enfermagem programa 100 mL/h em vez dos prescritos 10 mL/h, a bomba irá infundir o medicamento dez vezes mais rápido, com potencial de dano catastrófico em minutos.

2. Concentração (A Importância da Preparação)

A bomba exige a inserção da concentração correta do medicamento. Um erro de programação da concentração – por exemplo, inserindo 1 mg/mL quando o real é 10 mg/mL – induzirá a bomba a calcular uma taxa de fluxo incorreta para atingir a dose prescrita, resultando em subdosagem ou overdose, mesmo que o volume e a dose pareçam corretos na tela.


🔑 Estratégias Comprovadas para Programação Segura

A enfermagem é o elo final e mais crítico entre a prescrição e a administração ao paciente. A implementação rigorosa de protocolos de segurança é cientificamente comprovada para reduzir a taxa de erros de programação.

A. Dupla Checagem Independente

A dupla checagem independente é o padrão ouro na administração de medicamentos de alto risco. Este procedimento exige que dois enfermeiros, separadamente, verifiquem e confirmem:

  1. A Prescrição: Conferir o nome do medicamento, dose, via e taxa com a prescrição médica.

  2. O Preparo: Conferir a diluição e concentração real no frasco/seringa.

  3. A Programação na Bomba: Conferir a taxa de fluxo (mL/h), a dose inserida e o volume total na tela da bomba.

O processo deve ser independente: o segundo profissional verifica a prescrição e a bomba antes de ser influenciado pelo primeiro, minimizando o erro de confirmação.

B. Uso da Biblioteca de Medicamentos (DERS)

As bombas de infusão modernas (bombas inteligentes) são equipadas com um Software de Redução de Erros de Dose (DERS) ou Biblioteca de Medicamentos.

  • Função: Esta biblioteca contém limites predefinidos de doses, concentrações e taxas de infusão para medicamentos de alto risco, baseados nos protocolos da instituição.

  • Vantagem: Se a enfermagem tentar programar uma dose ou taxa que exceda os limites seguros predefinidos (um "soft limit" ou "hard limit"), a bomba emite um alerta sonoro e visual, forçando o operador a reavaliar a programação.

A adesão estrita ao uso desta biblioteca é fundamental. Se disponível, a programação nunca deve ser feita fora do modo de biblioteca de fármacos, pois isso desativa o mecanismo de segurança mais importante do equipamento.


A bomba de infusão é uma ferramenta de precisão inestimável. Contudo, sua eficácia depende inteiramente da competência técnica e da vigilância ética do profissional de enfermagem. A Programação Correta não é apenas uma tarefa, mas o primeiro e mais vital ato para garantir a segurança da terapia e a vida do paciente.


Manutenção Preventiva:

A bomba de infusão, assim como outros dispositivos médicos, precisa de calibração e manutenção periódica. É de suma  importância seguir os protocolos do fabricante e da instituição.


Verificação da aprendizagem : 

A seguir, apresentamos quatro questões de múltipla escolha baseadas no material sobre o histórico, precursores e segurança das bombas de infusão, com foco na importância da programação correta e na legislação brasileira.


Questões

1. Sobre o Histórico da Infusão e a Invenção da Bomba de Seringa, qual afirmação está CORRETA?

a) A infusão por gravidade era um método altamente preciso, influenciado apenas pela viscosidade do fluido.

b) O principal impulsionador para a invenção das bombas foi a necessidade de administrar grandes volumes de hidratação venosa em adultos.

c) As bombas de seringa (Syringe Pumps), desenvolvidas por volta da década de 1950, foram cruciais para a pediatria/neonatologia devido à sua capacidade de administrar pequenas quantidades com alta precisão.

d) As primeiras bombas peristálticas rotativas eram chamadas de "bombas inteligentes" devido ao seu software de biblioteca de medicamentos.

2. A respeito da essencialidade da Programação Correta na Terapia de Infusão, qual risco é diretamente associado a um erro na inserção da concentração do medicamento na bomba?

a) O alarme de oclusão a montante (upstream) será ativado, interrompendo a infusão.

b) O medicamento será automaticamente infundido dez vezes mais rápido do que o prescrito, independentemente do mL/h programado.

c) A bomba irá calcular e administrar uma taxa de fluxo incorreta para atingir a dose prescrita, podendo resultar em subdosagem ou overdose.

d) O erro de concentração só é relevante para medicamentos administrados em grandes volumes, não afetando drogas vasoativas.

3. Qual o papel das Metas Internacionais de Segurança do Paciente e da legislação da ANVISA no que se refere à utilização da bomba de infusão no Brasil?

a) A ANVISA exige o uso de bombas peristálticas rotativas em detrimento das lineares, por serem mais robustas.

b) A Meta 3 (Melhorar a Segurança da Medicação de Alta Vigilância) relaciona-se diretamente à bomba, e a ANVISA incentiva o uso de Bombas Inteligentes (DERS) para prevenir erros de programação.

c) A legislação nacional permite que as instituições de saúde utilizem bombas sem registro, desde que sejam importadas e possuam selo de qualidade internacional.

d) O Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) exige a dupla checagem apenas para antibióticos, não sendo obrigatória para drogas vasoativas.

4. O alarme de Oclusão a Jusante (Downstream Occlusion) na bomba de infusão indica uma resistência ao fluxo localizada onde, e qual é uma causa comum?

a) Ocorre entre a bolsa de soro e a bomba; uma causa comum é o clamp do equipo estar fechado.

b) Ocorre entre a bomba e o acesso venoso do paciente; uma causa comum é a obstrução (dobra, mal posicionamento ou trombose) do cateter venoso.

c) Ocorre dentro do mecanismo peristáltico da bomba; uma causa comum é a falha no motor rotativo.

d) Ocorre na câmara de gotejamento; uma causa comum é a presença de bolhas de ar na linha.


RESPONDA TAMBÉM:

Qual cuidado é essencial ao programar uma bomba de infusão?


Leia a aula de introdução e as demais aulas, anote a palavra chave; responda às questões e no final do curso receberá uma certificação do Blog    TECNOLOGIA PARA ENFERMAGEM


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