CAPÍTULO I - Termômetro - DA INCRÍVEL HISTÓRIA DOS DISPOSITIVOS MÉDICOS
Nesta postagem iniciaremos o curso:
A INCRÍVEL HISTÓRIA DOS DISPOSITIVOS MÉDICOS
O TERMÔMETRO CLÍNICO
O termômetro clínico, outrora um simples tubo de mercúrio, evoluiu para um sofisticado equipamento tecnológico. Longe de ser apenas um medidor de temperatura, ele se tornou uma ferramenta vital para a tomada de decisões clínicas, a segurança do paciente e a otimização do trabalho da enfermagem, atuando como um pilar no tratamento e monitoramento da saúde.
O termômetro moderno é um exemplo de eficiência e eficácia na prática da saúde:
Permite identificar rapidamente febre (hipertermia) ou hipotermia, condições que exigem intervenção imediata e podem ser indicativos de infecções, inflamações ou disfunções metabólicas graves.
Acompanhar a evolução da temperatura ao longo do tempo permite à equipe de enfermagem avaliar a eficácia de medicamentos (antipiréticos, antibióticos) e outras intervenções terapêuticas.
As versões digitais e infravermelhas eliminam a subjetividade da leitura do termômetro de mercúrio, fornecendo dados numéricos claros e reduzindo a margem de erro humano.
A evolução do termômetro está intrinsecamente ligada à segurança do paciente.
A transição do mercúrio para tecnologias digitais e infravermelhas eliminou o perigo de exposição a substâncias tóxicas, protegendo pacientes e profissionais.
Termômetros infravermelhos sem contato revolucionaram a prevenção de contaminação cruzada, sendo indispensáveis em ambientes de isolamento, em triagens de massa ou durante pandemias, onde o toque físico é um vetor de transmissão.
A capacidade de aferir a temperatura sem contato direto com a pele ou de forma minimamente invasiva (oral, axilar com ponta flexível) aumenta o conforto do paciente, essencial em pediatria, geriatria e unidades de terapia intensiva.
Para a enfermagem, o termômetro tecnológico é mais do que um instrumento; é uma extensão de suas capacidades.
A rapidez dos termômetros digitais e infravermelhos otimiza o tempo da equipe, permitindo mais atenção a outros cuidados complexos do paciente.
A leitura precisa e rápida facilita a tomada de decisão em tempo real, desde a administração de medicamentos até o acionamento de protocolos de emergência.
Muitos modelos digitais mais avançados podem ser integrados a sistemas eletrônicos de prontuário, facilitando a documentação e a rastreabilidade dos dados, aspecto crucial para a Tecnovigilância e a segurança do paciente.
A facilidade de uso, a leitura clara e a baixa manutenção (em comparação com a desinfecção complexa do mercúrio) contribuem para um ambiente de trabalho mais eficiente e menos estressante para o enfermeiro.
O termômetro clínico, em suas versões mais recentes, simboliza a convergência da tecnologia com a necessidade humana de cuidado. Ele não é apenas um equipamento, mas um aliado estratégico que empodera o profissional de enfermagem com dados precisos, agilidade operacional e ferramentas para garantir a máxima segurança e eficácia no tratamento de cada paciente. A contínua inovação neste campo promete ainda mais avanços na monitorização e no gerenciamento da saúde.
🧭 Capítulo 1 — Termômetro Clínico
O caso da febre invisível
Era uma manhã abafada no Hospital Municipal de Santa Clara. A enfermeira Júlia, recém-formada e apaixonada por tecnologia, fazia a ronda na enfermaria pediátrica. Ao aferir a temperatura de Lucas, um menino de 8 anos com sinais evidentes de febre — pele quente, olhos vermelhos, respiração acelerada — o termômetro digital indicava 36,4 °C.
Desconfiada, Júlia repetiu a medição com outro aparelho: 38,7 °C. O primeiro termômetro estava descalibrado. Ao investigar, descobriu que ele vinha sendo usado há semanas sem revisão, e outros pacientes também haviam sido monitorados com ele.
Júlia reportou o caso à coordenação, que iniciou um protocolo de verificação de todos os dispositivos clínicos. A ação evitou erros diagnósticos e reforçou a importância da checagem técnica dos equipamentos.
Desde então, Júlia passou a ser conhecida como “a enfermeira da febre invisível” — não por ter descoberto uma nova doença, mas por ter revelado o que um simples descuido tecnológico pode esconder.
📚 Histórico técnico do termômetro
- Precursor: Galileo Galilei criou o termoscópio no século XVI, que indicava variações de temperatura sem escala numérica ( apenas indicava variações de temperatura, mas não as media com precisão).
- Evolução:
- Século XVIII: Daniel Gabriel Fahrenheit desenvolveu o termômetro de mercúrio e propôs a escala Fahrenheit.
- Anders Celsius propõe a escala centígrada (Celsius), hoje padrão mundial.
- Século XX: surgem termômetros digitais e infravermelhos, mais seguros e rápidos.
- Modelos comuns na prática clínica:
- Digital: leitura rápida, fácil higienização.
- Infravermelho: sem contato, ideal para triagens.
- Mercúrio: em desuso por riscos ambientais e à saúde.
⚠️ Cuidados e precauções no uso
- Higienização: limpar com álcool 70% entre pacientes.
- Calibração: verificar regularmente a precisão, especialmente em modelos digitais.
- Armazenamento: evitar quedas e exposição a calor excessivo.
- Descarte: modelos com mercúrio devem ser descartados como resíduos perigosos, conforme normas ambientais.
📜 Legislação brasileira e internacional
- Brasil:
- RDC nº 36/2015 da ANVISA: estabelece boas práticas de fabricação de produtos médicos.
- Resolução CONAMA nº 401/2008: trata do descarte de resíduos com metais pesados.
- Internacional:
- Convenção de Minamata sobre Mercúrio (ONU, 2013): proíbe o uso de mercúrio em dispositivos médicos desde 2020. O Brasil é signatário.
A classificação dos termômetros clínicos utilizados em hospitais no Brasil é regida pela Resolução RDC nº 751/2022 da ANVISA, que estabelece as regras de risco e os regimes de regularização.
Classificação de Risco dos Termômetros Clínicos (RDC nº 751/2022)
Os termômetros clínicos são classificados como Dispositivos Médicos Ativos e sua classificação de risco é determinada pela Regra 10 do Anexo I da RDC nº 751/2022 (que trata de dispositivos de medição).
1. Classe de Risco: Classe II (Médio Risco)
De acordo com as regras de classificação da ANVISA, os termômetros clínicos são majoritariamente enquadrados na Classe de Risco II (Médio Risco).
O trecho relevante da Regra 10 da RDC nº 751/2022 estabelece:
Regra 10 - Dispositivos ativos para diagnóstico e monitoramento
"Os dispositivos ativos destinados ao diagnóstico ou monitoramento de processos fisiológicos, estados de saúde, doenças ou lesões são classificados como Classe II, exceto se..." (seguem exceções que elevam a classe de risco, mas que geralmente não se aplicam a um termômetro clínico comum).
Exemplo Específico: Os termômetros clínicos são dispositivos ativos (que dependem de uma fonte de energia para funcionar, como pilhas ou baterias) destinados à medição da temperatura corporal, um parâmetro fisiológico vital. A precisão dessa medição é crítica para o diagnóstico e monitoramento do paciente. Portanto, a Regra 10 e sua natureza de dispositivo ativo com função de medição o enquadram na Classe II (Médio risco).
Regime de Regularização
Os dispositivos de Classe II (Médio Risco) são sujeitos ao regime de Notificação junto à ANVISA (Art. 6º da RDC nº 751/2022). A Notificação é um procedimento mais simplificado em comparação ao Registro (Classe III e IV), embora ainda exija o cumprimento de todos os requisitos de segurança e desempenho.
Requisitos Adicionais: Identificação Única (UDI)
A RDC nº 591/2021 introduziu o sistema de Identificação Única de Dispositivos Médicos (UDI - Unique Device Identification) no Brasil.
O UDI é um código alfanumérico ou numérico que permite a rastreabilidade de dispositivos médicos em toda a cadeia de suprimentos e durante o uso clínico, sendo crucial para a tecnovigilância.
A obrigatoriedade de atribuição do UDI e de envio dos dados à ANVISA depende da classe de risco do dispositivo. Embora os prazos para o envio obrigatório de dados ao banco UDI sejam escalonados pela classe de risco, e o cronograma comece com as classes mais altas, todos os dispositivos médicos regularizados no Brasil, incluindo termômetros (Classe II), devem ter um UDI atribuído em sua embalagem ou, em alguns casos, no próprio dispositivo.
Impacto nos Termômetros:
Como dispositivos de Classe II, os termômetros estão sujeitos ao UDI e devem:
Ter o código UDI (composto pelo Identificador do Dispositivo e o Identificador de Produção) impresso em formato legível e por meio de tecnologia de Identificação Automática e Captura de Dados (AIDC), como códigos de barras ou QR codes.
Ter seus dados (incluindo o UDI) submetidos ao Banco de Dados de Dispositivos Médicos (BDDM) da ANVISA, respeitando o cronograma de implementação da RDC nº 591/2021.
Em resumo, um termômetro em um hospital no Brasil é um dispositivo de Classe II (Notificação) e deve possuir a Identificação Única (UDI), conforme o rigor regulatório estabelecido pela ANVISA.
Evidenciar a relação entre o termômetro, a segurança do paciente e o papel da enfermagem é fundamental, especialmente com a evolução tecnológica dos dispositivos médicos.
A segurança do paciente, neste contexto, reside em duas dimensões principais: a precisão da medição (evitando erros de diagnóstico e tratamento) e a prevenção de infecções.
1. Precisão da Medição e a Decisão Clínica
A temperatura corporal é um dos sinais vitais mais críticos, e sua medição precisa (acurácia) é a base para o diagnóstico de febre, hipotermia e avaliação de resposta a tratamentos.
Acurácia vs. Método e Local
Evidências científicas demonstram que a precisão (acurácia) de um termômetro está intrinsecamente ligada ao método e ao local de medição. O papel da enfermagem é selecionar o método mais adequado à situação clínica:
Padrão de Referência Central: A temperatura corporal central, geralmente medida por métodos invasivos (arterial pulmonar ou esofágico), é o padrão-ouro. Contudo, em ambientes clínicos não-intensivos, a temperatura retal ou oral (com técnica padronizada) são consideradas as mais próximas da temperatura central e são usadas como referências para validação de outros métodos.
Termômetros Digitais (Contato): Revisões sistemáticas e estudos comparativos (evidências de nível I e II) frequentemente validam a confiabilidade dos termômetros digitais (orais/axilares/retais) como substitutos seguros e precisos dos termômetros de mercúrio. A segurança do paciente depende, neste caso, de garantir o tempo de espera adequado para atingir o equilíbrio térmico.
Termômetros Infravermelhos (Sem Contato): Embora sejam rápidos e higiênicos (máxima segurança contra infecção), estudos mostram que a acurácia dos termômetros infravermelhos de testa e tímpano pode ser altamente variável, especialmente em temperaturas extremas ou quando a técnica não é rigorosamente seguida. A enfermagem deve estar ciente de que, em casos de leituras duvidosas ou em pacientes críticos, é necessário confirmar o resultado com um método de referência (oral ou retal) para evitar a falha em diagnosticar uma febre ou infecção (Falso-Negativo).
Papel da Enfermagem: A segurança do paciente exige que o enfermeiro utilize o termômetro conforme as instruções do fabricante, documente o local da medição (ex: Tímpano-Esq.) e interprete o valor com cautela, pois a temperatura da pele ou da artéria temporal pode ser significativamente diferente da temperatura central.
2. Prevenção de Infecção e Contaminação Cruzada
A evolução tecnológica dos termômetros contribuiu dramaticamente para a segurança do paciente no controle de infecções.
A Proibição do Mercúrio e o Risco Químico
A eliminação do mercúrio dos hospitais não foi apenas uma medida ambiental, mas um avanço crucial na segurança química do paciente e do profissional. A quebra acidental de um termômetro de mercúrio liberava vapores neurotóxicos, representando um risco sério e comprovado à saúde.
Termômetros de Contato e Barreiras
Termômetros digitais de contato (orais e retais) exigem o uso de capas descartáveis ou limpeza e desinfecção de alto nível entre os pacientes para prevenir a contaminação cruzada. A falha da enfermagem em aderir a esses protocolos é uma evidência de risco direto, especialmente na transmissão de patógenos entéricos (em termômetros retais) ou em ambientes de isolamento.
A Contribuição do Termômetro Sem Contato
Os termômetros infravermelhos sem contato (pistola) oferecem a maior segurança higiênica por não tocarem o paciente. Esta característica, validada em diretrizes de controle de infecção, os torna ideais para:
Isolamento: Uso em pacientes com precaução de contato.
Triagem em Massa: Aferição rápida na entrada de unidades ou durante surtos e pandemias.
Papel da Enfermagem:
A enfermagem é responsável por implementar as rotinas de limpeza e desinfecção para todos os dispositivos. Nos termômetros sem contato, a segurança se traduz em economia de tempo e recursos (evitando o descarte de capas) e na redução efetiva da cadeia de transmissão de infecções.
O Termômetro como Dispositivo de Risco (Classe II)
O termômetro é classificado pela ANVISA (RDC 751/2022) como um Dispositivo Médico de Classe II (Médio Risco), justamente devido à sua função de medição crítica para a saúde.
O papel da enfermagem vai além da simples leitura do valor. Envolve a gestão completa do risco:
Escolha Informada: Selecionar o termômetro mais acurado para a condição do paciente.
Técnica Rigorosa: Aplicar a técnica padronizada para cada tipo de dispositivo.
Higiene: Cumprir rigorosamente os protocolos de desinfecção para evitar Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS).
Tecnovigilância: Reportar qualquer falha ou erro de leitura que possa comprometer a segurança do paciente, garantindo que apenas dispositivos calibrados e íntegros sejam utilizados.
A evolução dos termômetros é um avanço de segurança, mas a competência e o discernimento clínico do enfermeiro permanecem a principal linha de defesa para o paciente.
💡 Dica para profissionais de Enfermagem
> “Um termômetro não é apenas um número — é uma extensão do olhar clínico. Saber usá-lo com sabedoria é cuidar com precisão
Precaução, Perigos e Cuidados:
1. O Termômetro de Mercúrio: Dilatação Térmica
O termômetro de mercúrio dominou o cenário clínico por séculos e estabeleceu um padrão de precisão, operando com um princípio físico simples e robusto.
Princípio Físico
O funcionamento é baseado no princípio da dilatação térmica volumétrica.
Processo: O mercúrio, um metal líquido, é armazenado em um bulbo de vidro. Ao entrar em contato com um corpo mais quente, ele absorve calor, o que aumenta sua energia cinética interna.
Ação: O aumento da energia faz com que as moléculas de mercúrio se afastem, resultando na expansão de seu volume. Como o tubo capilar é extremamente fino, essa pequena expansão resulta em um aumento visível na coluna do líquido, que é lido na escala graduada, indicando a temperatura.
Equilíbrio Térmico: A leitura só é precisa quando o termômetro atinge o equilíbrio térmico com o corpo do paciente, um processo que pode levar alguns minutos.
Segurança e Transição
A principal desvantagem, e o motivo de sua proibição em muitos países (incluindo o Brasil, devido à RDC nº 145/2017 da ANVISA), é o risco químico.
O mercúrio é um metal altamente tóxico e perigoso. Se o termômetro de vidro quebrar, o mercúrio pode evaporar, liberando vapores tóxicos que causam danos neurológicos e renais por inalação.
A transição foi impulsionada pela segurança ambiental e humana.
2. Termômetros Digitais (de Contato): Resistência Elétrica
Os termômetros digitais de contato surgiram como substitutos imediatos do mercúrio, mantendo o princípio do contato físico, mas utilizando a eletrônica.
Princípio Físico
Esses dispositivos operam majoritariamente baseados na variação da resistência elétrica em função da temperatura.
Componente-Chave: Um termistor ou um termopar é usado como sensor.
Termistor: É um resistor cuja resistência varia drasticamente com a temperatura.
Termopar: É formado pela união de dois metais distintos; quando essa junção é aquecida, gera uma pequena tensão elétrica (efeito Seebeck) que é proporcional à diferença de temperatura.
Processo: O sensor (termistor ou termopar) entra em contato com o corpo (boca, axila) e sua resistência ou tensão muda. Essa variação elétrica é medida, amplificada e convertida em um valor numérico de temperatura por um microcontrolador.
Precisão: Estudos mostram que os termômetros digitais, especialmente os de ponta flexível ou os de uso retal, apresentam boa concordância com os antigos termômetros de mercúrio e são recomendados como substitutos confiáveis.
Segurança e Vantagens
Segurança: Elimina totalmente o risco de exposição a produtos químicos tóxicos.
Rapidez: O tempo de medição é reduzido (alguns modelos exibem o resultado em menos de 10 a 60 segundos), aumentando a comodidade.
3. Termômetros Infravermelhos (Tímpano e Testa)
Estes dispositivos revolucionaram o processo de medição ao introduzir a tecnologia sem contato e a medição instantânea.
Princípio Físico
O funcionamento baseia-se na Lei de Stefan-Boltzmann e no princípio físico da radiação do corpo negro.A análise do espectro da radiação de corpo negro permite determinar a temperatura de objetos distantes, como estrelas, sem a necessidade de contato direto.
Processo: Todo corpo que possui temperatura acima do zero absoluto emite radiação eletromagnética na faixa do infravermelho (calor).
Ação: O termômetro infravermelho contém uma lente que foca essa energia radiante emitida pelo corpo do paciente (tímpano ou testa) em um sensor, geralmente um termopilha.
Conversão: O sensor absorve a radiação e a converte em um sinal elétrico proporcional à intensidade do calor. Um algoritmo interno então converte esse sinal elétrico no valor da temperatura corporal.
Tímpano: O tímpano reflete a temperatura do núcleo corporal, sendo uma área de medição altamente vascularizada e próxima ao hipotálamo (centro regulador de temperatura).
Precisão e Segurança
Segurança: O risco de contaminação cruzada (transmissão de microrganismos) é drasticamente reduzido, especialmente nos modelos de testa ou sem contato, pois não exigem desinfecção entre usos na mesma medida que os termômetros de contato.
Precisão: A precisão pode ser influenciada pela técnica de uso (ângulo de mira, presença de cerúmen no ouvido) e por fatores ambientais (sudorese na testa, temperatura ambiente). Evidências de revisões integrativas sugerem que, embora sejam ágeis e práticos, a acurácia (capacidade de dar a leitura correta) pode ser inconclusiva ou variar em comparação aos métodos de contato, recomendando-se atenção às diretrizes do fabricante.
4. Termômetros Infravermelhos Sem Contato (Pistola de Testa)
Esta é a evolução mais recente, popularizada em larga escala devido às necessidades de rastreamento rápido de febre, como durante pandemias.
Princípio Físico
O princípio físico é idêntico ao do termômetro infravermelho de tímpano/testa (radiação infravermelha), mas foca na medição da radiação emitida pela pele da testa, sem encostar.
Evolução da Segurança
Máxima Higiene: A principal evolução é a maximização da segurança e da higiene. Ao eliminar o contato físico, o termômetro sem contato se torna ideal para uso em pacientes isolados ou em triagens de massa, reduzindo a necessidade de limpeza entre usos e o risco de infecção.
Rapidez: Fornece resultados em 1 a 5 segundos, uma velocidade crítica para o monitoramento rápido.
Evidências e Desafios de Precisão
Embora sejam extremamente convenientes, a precisão continua a ser o desafio primário:
Fatores Extrínsecos: A medição é na superfície da pele. Fatores como sudorese, cor da pele, temperatura ambiente e distância de medição afetam a leitura, exigindo que o enfermeiro utilize o equipamento exatamente conforme as instruções do fabricante para obter dados confiáveis.
Validação: A literatura científica frequentemente compara esses dispositivos com o método de medição central (retal), e os resultados de acurácia são mistos, mas eles são reconhecidos como ferramentas valiosas para o rastreamento (screening) rápido da febre, embora possam necessitar de confirmação por outro método em casos de divergência clínica.
TIPO DE TERMÔMETRO - Mercúrio
PRINCÍPIO FÍSICO - Dilatação Térmica
SEGURANÇA /INOVAÇÃO - Risco Químico (tóxico)
PRECISÃO (ACURÁCIA) - Alta, mas lenta (depende de equilíbrio térmico)
TIPO DE TERMÔMETRO - Infravermelho (sem contato)
PRINCÍPIO FÍSICO - Radiação Infravermelha
SEGURANÇA/INOVAÇÃO - Máxima higiene (ideal para triagem)
PRECISÃO (ACURÁCIA) -Rápida, mas sensível a fatores ambientais externos
TIPO DE TERMÔMETRO - Digital (contato)
PRINCÍPIO FÍSICO - Resistência elétrica
SEGURANÇA /INOVAÇÃO - Eliminação do risco químico
PRECISÃO (ACURÁCIA) - Boa concordância (substituição segura)
TIPO DE TERMÔMETRO - Infravermelho (Tímpano/testa)
PRINCÍPIO FÍSICO - Radiação infravermelha
SEGURANÇA /INOVAÇÃO - Redução de contaminação cruzada
PRECISÃO (ACURÁCIA) - Variável (depende da técnica/local)
Com base em evidências científicas e comunicados de órgãos regulatórios, como a ANVISA no Brasil, e de associações médicas e físicas, o termômetro infravermelho não oferece riscos à saúde humana, nem causa danos às glândulas do corpo.
A preocupação sobre a segurança desses dispositivos é amplamente considerada uma notícia falsa (fake news).
1. Segurança e Princípio de Funcionamento
O termo "infravermelho" no nome do termômetro refere-se à tecnologia que ele usa para captar a temperatura, e não à energia que ele emite.
O Termômetro é um Sensor, Não um Transmissor
O princípio físico comprovado (Lei de Stefan-Boltzmann) estabelece que todo corpo com temperatura acima do zero absoluto emite radiação eletromagnética na faixa do infravermelho (o calor invisível).
O termômetro infravermelho de testa é um detector ou sensor passivo. Ele apenas capta (recebe) a radiação infravermelha emitida naturalmente pela pele humana.
Não há emissão de raios ou radiação ionizante (como raios-X ou raios gama) que possa penetrar a pele ou causar danos biológicos, alterações celulares, ou câncer.
O Laser (Mira) é Inofensivo
Alguns modelos de termômetros infravermelhos contêm uma luz de laser de baixa potência (espectro visível) que serve apenas como mira para indicar o ponto de medição.
Esta luz não é o feixe que mede a temperatura.
É de baixíssima intensidade e não tem poder de penetração suficiente para atravessar a pele e o crânio, sendo considerada inofensiva. A única precaução, como com qualquer laser, é evitar mirar diretamente nos olhos.
2. Riscos às Glândulas do Corpo Humano: Glândula Pineal
A alegação específica de que o termômetro infravermelho danifica glândulas, como a Glândula Pineal (localizada no centro do cérebro, responsável pela produção de melatonina), foi desmentida por neurologistas e endocrinologistas:
Fundamento Anatômico Inexistente: A glândula pineal está localizada profundamente no centro do cérebro, protegida pelo crânio, córtex cerebral e outras camadas de tecido.
Ausência de Emissão: Como o termômetro não emite radiação penetrante, é impossível que ele afete qualquer glândula interna, seja a pineal, a hipófise ou a tireoide.
Posicionamento: A medição é feita na testa (artéria temporal), uma área de superfície, e o dispositivo não tem qualquer mecanismo para direcionar energia prejudicial a órgãos profundos.
O risco atribuído aos termômetros infravermelhos em relação a danos neurológicos ou glandulares não possui qualquer suporte ou evidência científica verdadeira e comprovada. São dispositivos seguros para o uso em massa, sendo o principal desafio clínico apenas garantir a acurácia da medição em condições ambientais variáveis.
Uso, Cuidados e Precauções do Termômetro Clínico
O termômetro clínico é um dispositivo médico essencial para a triagem e monitoramento da febre, um sinal vital crítico. A correta utilização e o gerenciamento do dispositivo são cruciais para a segurança do paciente e a precisão da medição.
Uso (Enfermagem e Ambiente Doméstico)
Escolha do Local e Tipo: Selecionar o tipo de termômetro e local de aferição mais adequado à idade e condição do paciente (ex: infravermelho de testa para triagem rápida ou axilar/oral para medição de referência).
Preparação: Nos modelos de contato (digital), utilizar sempre uma capa protetora descartável ou garantir que o termômetro esteja limpo e seco antes do uso. Nos modelos infravermelhos, verificar se a lente está limpa e a bateria está carregada.
Técnica: Seguir rigorosamente as instruções do fabricante quanto ao tempo de espera (para modelos de contato) ou à distância de medição (para modelos infravermelhos). No infravermelho, o posicionamento correto sobre a artéria temporal é vital para acurácia.
Interpretação: Documentar sempre o valor aferido e o local de medição, pois a temperatura axilar e a temperatura temporal são, por natureza, mais baixas que a temperatura central (retal/oral).
CUIDADOS E PRECAUÇÕES
ÁREA / CUIDADOS / PRECAUÇÕES ESSENCIAIS
Limpeza e Higiene
Nos modelos de contato, desinfetar a ponta da sonda com álcool 70% ou utilizar capas descartáveis. A falha nesse protocolo eleva o risco de contaminação cruzada. Nos modelos infravermelhos, limpar a lente com cuidado (ex: haste flexível) para não afetar o sensor.
Segurança
Evitar o uso de termômetros de mercúrio devido ao risco químico e tóxico em caso de quebra. Armazenar os termômetros digitais ou infravermelhos em local seguro, longe de umidade e temperaturas extremas.
Precisão/Acurácia
Garantir a calibração periódica dos termômetros clínicos, conforme a legislação e as diretrizes do serviço de saúde, para assegurar a fidelidade dos resultados. Verificar se a bateria está com carga adequada, pois baterias fracas podem afetar a precisão das leituras digitais.
Uso Clínico
Estar ciente das limitações dos termômetros infravermelhos em pacientes críticos ou com sudorese excessiva, e confirmar leituras duvidosas com um método mais acurado (oral ou retal), quando clinicamente indicado.
A Precisão na Medida da Temperatura Corporal: Uma Análise dos Termômetros Clínico, Esofágico e Timpânico
A medição precisa da temperatura corporal é um pilar fundamental no diagnóstico e monitoramento de diversas condições de saúde. No arsenal da prática clínica, diferentes tipos de termômetros são empregados, cada um com seus princípios de funcionamento, indicações, vantagens e desvantagens. Entre os mais relevantes estão os termômetros clínicos de uso comum, os termômetros esofágicos para monitoramento contínuo e os termômetros timpânicos de medição rápida. Uma análise baseada em evidências científicas revela as particularidades de cada um.
Termômetros Clínicos: Da Tradição à Segurança Digital
Os termômetros clínicos são os mais conhecidos pela população em geral. Historicamente, os termômetros de mercúrio foram o padrão-ouro devido à sua alta precisão em condições controladas. O princípio de funcionamento baseia-se na dilatação uniforme do mercúrio com o aumento da temperatura, permitindo uma leitura visual em uma escala graduada. No entanto, a toxicidade do mercúrio e o risco de contaminação em caso de quebra levaram à sua proibição em muitos países.
Em substituição, os termômetros digitais tornaram-se a escolha padrão na maioria dos ambientes de saúde e domésticos. Eles operam por meio de sensores de calor eletrônicos, conhecidos como termorresistores, que alteram sua resistência elétrica de acordo com a temperatura. Um microcontrolador processa essa alteração e exibe o resultado em uma tela digital.
Vantagens dos termômetros digitais:
Segurança: Eliminam o risco de exposição ao mercúrio.
Rapidez: Fornecem resultados em segundos, em comparação com os minutos necessários para os de mercúrio.
Facilidade de leitura: A tela digital elimina a subjetividade da leitura da escala.
Considerações sobre a precisão: Estudos e a prática clínica consolidada demonstram que os termômetros digitais oferecem uma precisão comparável à dos termômetros de mercúrio quando utilizados corretamente. Podem ser empregados para medições axilar, oral ou retal, sendo a retal considerada a mais precisa para bebês e crianças pequenas, por se aproximar mais da temperatura corporal central. A medição axilar, embora comum e não invasiva, é considerada a menos precisa.
Termômetro Esofágico: O Padrão para Monitoramento Contínuo
O termômetro esofágico é um dispositivo invasivo utilizado predominantemente em ambientes hospitalares, como centros cirúrgicos e unidades de terapia intensiva. Consiste em uma sonda fina e flexível que é inserida através do nariz ou da boca do paciente até o esôfago.
Princípio de Funcionamento: A sonda contém um ou mais sensores de temperatura que medem a temperatura do terço inferior do esôfago. Essa localização é ideal por estar próxima a grandes vasos, como a aorta, refletindo com alta fidelidade a temperatura central do corpo.
Uso Clínico e Precisão: É considerado um método de alta precisão para o monitoramento contínuo da temperatura corporal. Sua principal aplicação é em pacientes sob anestesia geral, sedação profunda ou em estado crítico, onde variações de temperatura, como a hipotermia intraoperatória, precisam ser detectadas e corrigidas rapidamente. Estudos comparativos demonstram que a temperatura esofágica é um indicador confiável da temperatura do sangue e, consequentemente, da temperatura central.
Vantagens:
Alta Precisão: Fornece uma medição precisa da temperatura central.
Monitoramento Contínuo: Permite a observação de tendências e respostas a intervenções em tempo real.
Desvantagens:
Invasividade: Requer a inserção de uma sonda, o que pode causar desconforto e está restrito a pacientes sedados ou anestesiados.
Uso Especializado: Seu uso é limitado a ambientes hospitalares controlados.
Pesquisas demonstram sua superioridade em relação a métodos periféricos em cenários críticos. Um estudo sobre o controle da temperatura corporal no intraoperatório, por exemplo, concluiu que o termômetro timpânico refletiu temperaturas consistentemente mais baixas que o esofágico.
Termômetro Timpânico: Rapidez e Praticidade com Base na Radiação Infravermelha
O termômetro timpânico, também conhecido como termômetro auricular, mede a temperatura corporal de forma rápida e minimamente invasiva.
Princípio de Funcionamento: Este dispositivo utiliza um sensor infravermelho para detectar a energia térmica irradiada pela membrana timpânica (o tímpano). A escolha do tímpano como local de medição se deve ao fato de ele compartilhar o suprimento sanguíneo com o hipotálamo, o centro de controle da temperatura do cérebro.
Uso Clínico e Acurácia: O termômetro timpânico é amplamente utilizado em hospitais, consultórios e residências devido à sua velocidade e facilidade de uso. Para uma medição precisa, é crucial o posicionamento correto da sonda no canal auditivo para garantir que o sensor esteja direcionado para a membrana timpânica.
Vantagens:
Rapidez: A medição é realizada em poucos segundos.
Conveniência: É um método de fácil aplicação, especialmente em crianças.
Higiene: O uso de pontas descartáveis reduz o risco de contaminação cruzada.
Desvantagens:
Técnica Dependente: A precisão pode ser afetada por um posicionamento incorreto da sonda.
Interferências: A presença de cera em excesso no ouvido pode falsear o resultado.
Menor Precisão em Certos Cenários: Embora geralmente confiável, estudos mostram que pode ser menos preciso que métodos centrais, como o esofágico, especialmente em situações de rápidas mudanças de temperatura corporal.
É importante ressaltar que o uso em neonatos não é universalmente recomendado devido à anatomia do canal auditivo.
A escolha do termômetro ideal depende do contexto clínico, da idade do paciente e da necessidade de precisão e monitoramento. Enquanto os termômetros digitais oferecem uma solução segura e prática para o uso geral, o termômetro esofágico se mantém como uma ferramenta indispensável para o monitoramento preciso da temperatura central em pacientes críticos. O termômetro timpânico, por sua vez, representa um equilíbrio entre rapidez, conveniência e uma acurácia geralmente aceitável para triagens e uso rotineiro.
OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES:
FEBRE
- Febre = Temperatura corpórea acima da faixa de normalidade, devido a um reajuste (aumento) do ponto preestabelecido de regulação de calor do hipotálamo (set point). Na febre, os mecanismos periféricos de perda/ conservação do calor estão intactos.
- É um “estado de temperatura central elevada, muitas vezes associada Às respostas de defesa do hospedeiro a microrganismos ou a outra matéria reconhecida como patogênica ou estranha”.
CONTROLE HIPOTALÂMICO DA TEMPERATURA:
- A temperatura corporal é controlada pelo hipotálamo. Neurônios do hipotálamo anterior pré- óptico e no hipotálamo posterior recebem dois tipos de sinais: um dos nervos periféricos que refletem os receptores para calor e frio e o outro da temperatura do sangue que banha a região.
- Esses sinais são integrados pelo Centro Termorregulador do hipotálamo que irá atuar de forma a manter a temperatura corporal normal, equilibrando a produção excessiva de calor (atividade metabólica dos músculos e do fígado) com a dissipação do calor (através da pele e dos pulmões).
PIROGÊNIOS:
As substâncias que causam febre são chamadas de pirógenos e podem ser exógenas ou endógenas.
- A maioria dos exógenos são microrganismos, seus produtos ou toxinas. O tipo mais bem caracterizado de pirógeno exógenos consiste em um grupo de moléculas que é comum a todas as bactérias gram-negativas e é chamado endotoxina (lipopolissacarídeo, LPS). Os microrganismos gram-positivos também são fonte de pirógenos potentes. Estes incluem o ácido lipoteóico e peptidoglicanos derivados da parede celular.
- Os pirógenos endógenos são polipeptídeos produzidos por inúmeras células do hospedeiro, como células endoteliais, linfócitos B, ceratinócitos, células gliais e sobretudo por monócitos|macrófagos. O termo citocinas é usado para referir-se a essas substâncias. As principais citocinas indutoras de febre parecem ser IL-1 alfa, IL 1 beta, fator de necrose tumoral (TNF alfa), interferon alfa e IL-6.
- Os pirógenos induzem a síntese de PGE2, que após ser liberada estimula seus receptores nas células gliais, fazendo com que o nível de AMPc eleve. O AMPc então, é liberado por essas células e ativam as terminações neuronais do Centro termorregulador do hipotálamo, alterando seu set point.
Valores Normais da Temperatura:
- Axilar - 35,5 a 37,0 °C
- Bucal - 36,0 a 37,4 °C
- Retal - 36,0 a 37,5 °C
- Timpânica – 37,8 ºC (+ próxima da temperatura da região hipotalâmica)
- Na medida oral, o termômetro deverá ser colocado sob a língua, posicionando-o no canto do lábio
- Na temperatura retal, o termômetro deverá possuir bulbo arredondado e ser de maior calibre
- Pico ≈18h (Ciclo circadiano. Variação diária de 0,5-1°C)
- Períodos ovulatórios
- Sinal de Lenander: a temperatura retal maior que a axilar em valores acima de 1 grau, pode ser indicativo de processo inflamatório intra-abdominal.
- A variação da temperatura ao longo do dia parece ser rígida na primeira infância, porém é possível que idosos tenham menor capacidade de desenvolver febre, apresentando níveis modestos de temperatura, mesmo quando com infecções graves.
ANAMNESE:
- Febre aferida? Como? Onde?
- Qual a temperatura registrada?
CÓDIGO DA AULA: AFERIÇÃO
Caracterizar a febre:
Início
- Súbito: quase sempre acompanhada dos demais sintomas da síndrome febril;
- Gradual: prevalece a sudorese, cefaléia e inapetência
Intensidade - de acordo com a temperatura axilar:
- Febre leve ou febrícula - até 37,9ºC
- Febre moderada - de 37,9 a 38,5ºC
-Febre alta ou elevada – >38,5ºC
Duração
⦁ Poucos dias - em diversas doenças infecciosas.
⦁ Prolongada – perdura no mínimo por 14 dias sem definição diagnóstica.
Período do dia;
- diurna
- Vespertina/Noturna
Término
⦁ EM CRISE: a febre desaparece subitamente.
⦁ EM LISE: a febre diminui lentamente.
Modo de evolução da febre – é dada pela análise do quadro térmico e pela anamnese
⦁ Gráfico ou quadro térmico – é o registro da temperatura em tabelas a fim de se estabelecer o tipo de febre apresentada pelo paciente (curva térmica).
- Febre Contínua: Sempre acima do normal com variações até 1°C
Ex: febre tifoide, pneumonia
- Febre Intermitente: Hipertermia com períodos cíclicos de apirexia
(ciclos curtos)Ex: linfomas, malária, tuberculose
- Febre Remitente: Hipertermia diária com variações maiores de 1°C, sem períodos de apirexia. Ex: septicemia, pneumonia;
- Febre Irregular ou Séptica: Picos muito altos intercalados com temperaturas baixas ou apirexia. Sem caráter cíclico, totalmente imprevisíveis. Ex: septicemia
- Febre Recorrente ou Ondulante: Períodos de temperatura normal, que dura dias ou semanas seguidos por períodos com febre. Ex: Linfomas, Tumores, Desordens Auto inflamatórias (ex: Febre Familiar do Mediterrâneo)
Sintomas comuns da síndrome febril
- Respostas de fase aguda: Febre, Astenia, Cefaléia, Taquicardia, Taquipnéia, Oligúria, Calafrios, Sudorese, Náuseas, Vômitos, Mialgias, Artralgias, Anorexia, Sonolência
Condições associadas ao surgimento de febre:
- D. infecciosas e parasitárias. Inflamatórias, D. Autoimunes, Endocrinopatias. Do SNC, Neoplasias, Desidratação, Queimados, Pós-operatórios, Reações de hipersensibilidade, Intoxicações Exógenas, Vacinação, Febre Psicogênica, Febre induzida por drogas, Febre de origem indeterminada.
CONVULSÃO FEBRIL:
- Epilepsia, meningite, encefalite -crise convulsiva com vigência de febre. Normalmente um episódio único entre 6 meses e 5 anos de idade. Pode ter relação com histórico familiar.
FEBRE + MANCHAS NA PELE:
- Varicela
- Dengue hemorrágica
- Meningococcemia
- Rubéola
- Eritema infeccioso (Quinta Moléstia) A febre é baixa e os adultos que tem apresentam artrite.
- Exantema súbito (Sexta Moléstia, Roséola Infantum, Febre dos 3 dias) -causado pelo Herpesvírus tipo 6 e afeta, normalmente, crianças com menos de 3 anos. É possível a ocorrência de convulsão febril.
- Malária. Caracterizada por febre alta, calafrios intensos que se alternam com ondas de calor e sudorese abundante.
- Plasmodium vivax
-Febre terçã benigna -ciclo febril retorna a cada 48 horas;
- Plasmodium falciparum-febre terçã maligna -acessos febris se repetem com intervalos de 36 a 48 horas;
- Plasmodium malariae-febre quartã -acessos febris a cada 72 horas.
Doenças inflamatórias:
- Desregulação imune, resposta inflamatória sistêmica, geralmente febre arrastada. Exemplos -LES, doença inflamatória intestinal, desordens auto inflamatórias.
Neoplasias:
- Geralmente arrastada, recorrente.
Doenças do sistema nervoso:
- A febre é frequente após lesão cerebral, hipertermia neurogênica e AVC.
- Lesões da medula
-Medula cervical inferior = temperatura muito baixa; medula cervical superior = temperatura alta.
Febre de origem obscura (FOO ou Febre de origem indeterminada - FOI):
- Temperatura axilar maior que 37,9°C em várias ocasiões;
- Duração maior que 3 semanas;
- Impossibilidade de estabelecer um diagnóstico a despeito de 1 semana de investigação ambulatorial ou hospitalar.
FOO clássica -paciente ambulatorial;
Causas da FOO clássica:
- O uso generalizado de antibióticos de amplo espectro talvez tenha diminuído o número de infecções que provocam FOO. Além disso, a ampla disponibilidade de exames como TC, RM aumentou a detecção de infecções localizadas bem como de neoplasias e linfomas em pacientes que antes seriam considerados portadores de FOO.
- As infecções, em particular a TB extrapulmonar, continuam sendo a principal causa de FOO passível de diagnóstico. Pode ocorrer também com síndromes virais prolongadas que cursam com respostas humorais tardias como CMV, mononucleose e HIV. =>25 a 30 % das FOO permanecem sem diagnóstico.
OUTROS USOS ESSENCIAIS DO TERMÔMETRO PARA O PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM
A importância dos termômetros no controle da Cadeia de Frio para a manutenção de medicamentos e vacinas é absolutamente crítica e é um requisito fundamental estabelecido por órgãos regulatórios como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
O termômetro é o instrumento que garante a eficácia, segurança e potência dos produtos termolábeis, transformando a Cadeia de Frio – que é o processo logístico de armazenagem, conservação e transporte – em um sistema monitorado e validado.
O Papel Essencial dos Termômetros na Cadeia de Frio
1. Garantia da Estabilidade e Potência do Produto
Medicamentos e, principalmente, as vacinas, são produtos biológicos termolábeis, ou seja, extremamente sensíveis a variações de temperatura. A faixa ideal de conservação para a maioria das vacinas é entre +2°C e +8°C.
Degradação/Inativação: A exposição a temperaturas elevadas (acima do limite) pode acelerar a degradação dos antígenos das vacinas e dos princípios ativos dos medicamentos, tornando-os ineficazes (perda de potência).
Dano por Congelamento: Para muitas vacinas, especialmente as adsorvidas (contendo alumínio), a exposição a temperaturas abaixo de 0°C (congelamento) pode causar danos permanentes na estrutura física, separando o adjuvante da vacina e comprometendo a resposta imune.
O termômetro é o único meio confiável para detectar e registrar estas "excursões de temperatura", fornecendo a prova de que o produto foi mantido dentro da faixa segura durante todo o ciclo logístico.
2. Monitoramento Contínuo e Tomada de Decisão
A função do termômetro não é apenas registrar, mas permitir a ação imediata. As diretrizes de Boas Práticas (como a RDC nº 304/2019 e a RDC nº 430/2020 da ANVISA) exigem o monitoramento contínuo e registrado da temperatura em todos os pontos de armazenamento e transporte (câmaras frias, refrigeradores, caixas térmicas).
Detecção de Falhas: O termômetro, frequentemente do tipo de máxima e mínima ou termógrafo (com registro contínuo), identifica rapidamente falhas em equipamentos de refrigeração, quedas de energia ou falhas no manuseio.
Alerta e Correção: Muitos sistemas modernos incluem alarmes acionados pelo termômetro que alertam os responsáveis quando a temperatura se desvia dos parâmetros (por exemplo, saindo da faixa de 2°C a 8°C). Isso permite a tomada de ações corretivas imediatas, como transferir o estoque para um equipamento de backup.
Rastreabilidade e Descarte: Os registros de temperatura fornecidos pelos termômetros são essenciais para a rastreabilidade e para determinar se um lote de medicamentos ou vacinas precisa ser descartado. Se o termômetro registrar uma excursão de temperatura que comprometa a estabilidade do produto, este deve ser inutilizado para evitar a administração de um insumo ineficaz ou inseguro à população.
3. Conformidade Regulatória e Calibração
O uso de termômetros na Cadeia de Frio não é uma opção, mas uma exigência legal.
A regulamentação brasileira (ANVISA) estabelece que os equipamentos frigoríficos devem ser controlados continuamente por termógrafos ou termômetros de máxima e mínima (ou equivalentes).
Os termômetros devem ser calibrados periodicamente em relação a padrões rastreáveis. Esta calibração assegura que o instrumento está medindo com a exatidão necessária, tipicamente de ±0,5ºC. Um termômetro não calibrado é cientificamente inútil, pois a leitura não pode ser considerada uma evidência verdadeira e aceita.
Os termômetros são a "prova de vida" da Cadeia de Frio. Sem seu monitoramento rigoroso, todo o investimento em infraestrutura e o esforço logístico para manter a temperatura seriam apenas uma estimativa, com o risco de distribuir produtos que, embora pareçam intactos, perderam sua capacidade de gerar o efeito terapêutico ou imunológico esperado.
Leitura complementar:
RESOLUÇÃO - RDC Nº 751, DE 15 DE SETEMBRO DE 2022
Dispõe sobre a classificação de risco, os regimes de notificação e de registro, e os requisitos de rotulagem e instruções de uso de dispositivos médicos.
Resolução DC/ANVISA Nº 591 DE 21/12/2021
( Publicado no DOU em 29 dez 2021)
Dispõe sobre a identificação de dispositivos médicos regularizados na Anvisa, por meio do sistema de Identificação Única de Dispositivos Médicos (UDI).
PIRES, Denise Prazeres Lopes; AFONSO, Júlio Carlos; CHAVES, Francisco Artur Braun. Do termoscópio ao taquimetro digital: quatro séculos de termometria. Química Nova , v. 29, pág. 1393-1400, 2006.
LEDEZMA MIRANDA, Pedro. El termómetro clínico, un hito en la historia de la medicina. Rev. Inst. Méd. Sucre, p. 86-91, 2003.
DE SOUSA, Euller Augusto; DE MEDEIROS, Wellington Gomes. ANÁLISE SEMÂNTICA, PRAGMÁTICA E EMOCIONAL DO TERMÔMETRO CLÍNICO NO AMBIENTE DOMÉSTICO NAS VERSÕES ANALÓGICA, DIGITAL E INFRAVERMELHO: Um Estudo da Relação de Confiabilidade do produto. PPG Design Caderno Científico, 2024.
Intraoperative body temperature control: esophageal thermometer versus infrared tympanic thermometer.
Autor(es) Poveda, Vanessa de Brito; Nascimento, Ariane de Souza
Fonte Rev Esc Enferm USP;50(6): 946-952, 2016.
Legislação:
RDC ANVISA nº 145/2017, que proíbe a fabricação e venda de termômetros e esfigmomanômetros com coluna de mercúrio no Brasil.
Convenção de Minamata sobre o Mercúrio, um tratado internacional que visa proteger a saúde humana e o meio ambiente dos efeitos adversos do mercúrio.
Outras Referências:
• A Física dos Termômetros – UFPA
• Do Termoscópio ao Termômetro Digital – SciELO Brasil
• História do Termômetro – UFRGS
Questionário para auto verificação:
1- Qual foi a principal contribuição de Daniel Gabriel Fahrenheit para a evolução do termômetro?
2- A Resolução da ANVISA que proibiu a fabricação e venda de termômetros com coluna de mercúrio no Brasil, citada no conteúdo, é um exemplo de legislação para garantir a segurança dos dispositivos. Qual é essa Resolução?
3- Qual precaução é fundamental para a enfermagem ao utilizar um termômetro digital de contato para prevenir a contaminação cruzada entre pacientes?
a) Aplicar o termômetro somente na região da testa.
b) Garantir que o dispositivo esteja sempre conectado a um sistema de monitoramento central.
c) Utilizar capa protetora descartável ou desinfetar a sonda com álcool 70% entre os usos.
d) Trocar a bateria do dispositivo após cada aferição.
4- No uso do termômetro infravermelho sem contato (de testa), qual fator pragmático é crucial para garantir a acurácia da medição no paciente?
a) A densidade do cristal líquido no bulbo sensor.
b) A rigorosa manutenção da distância correta de aferição, conforme o fabricante.
c) O tempo de espera de cinco minutos para o equilíbrio térmico.
d) A frequência de calibração anual do laser da mira.
5- Qual é o principal risco que levou à proibição e descontinuação do uso clínico do termômetro de mercúrio, conforme as diretrizes de segurança do paciente e ambientais?
a) O longo tempo necessário para atingir o equilíbrio térmico.
b) O risco comprovado de danos à glândula pineal pela dilatação do metal.
c) O risco de exposição a vapores tóxicos em caso de quebra do vidro.
d) A imprecisão nas medições de temperatura abaixo de 35 ºC.
6- A documentação correta da temperatura aferida deve incluir não apenas o valor, mas também o local de medição (ex: axilar, oral, temporal). Qual é a razão clínica mais relevante para essa prática?
a) Cumprir o protocolo de Tecnovigilância obrigatório pela ANVISA.
b) Avaliar a variação de precisão entre termômetros de diferentes fabricantes.
c) Permitir que outros profissionais comparem a leitura com a temperatura central de referência.
d) Determinar o consumo de bateria e a necessidade de substituição.
Entendeu a importância de saber explicar o que está fazendo? Veja quanta tecnologia está envolvida em uma simples verificação da temperatura.
Até a próxima aula!
Contatos:
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