A Luz Amarela da Enfermagem: Cuidado, Conexão e Esperança na Promoção da Vida


Setembro é mais do que uma mudança de estação. É um convite à escuta, ao acolhimento e à valorização da vida. Desde 2015, o Brasil abraça o movimento Setembro Amarelo, uma campanha de conscientização sobre saúde mental e prevenção ao suicídio, idealizada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). A cor amarela, símbolo da luz e da esperança, marca o mês que desde 2003, tem essa campanha internacional impulsionada pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que estabeleceram o dia 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. O Setembro Amarelo, portanto, não é apenas sobre o suicídio em si, mas sobre a valorização da vida, a quebra de tabus e a promoção de diálogos abertos e acolhedores sobre saúde mental,  com o propósito de promover o diálogo e reduzir estigmas sobre sofrimento psíquico (LIMA et al., 2023).

Mais do que uma simples campanha, este movimento global nos convida a uma reflexão profunda sobre a saúde mental e a prevenção do suicídio. A iniciativa nasceu da história de Mike Emme, um jovem que, aos 17 anos, tirou a própria vida. Após seu funeral, amigos e familiares se uniram para distribuir cartões com mensagens de esperança e o número de um serviço de ajuda, todos adornados com fitas amarelas. A cor, que simbolizava o Ford Mustang de Mike, tornou-se um lembrete vivo de que a vida vale a pena e que o cuidado mútuo é o caminho para a prevenção.

A campanha busca sensibilizar a sociedade sobre a importância de cuidar da saúde mental, promovendo ações educativas, rodas de conversa, atendimentos especializados e espaços de escuta ativa. O objetivo é claro: valorizar a vida e fortalecer redes de apoio que permitam às pessoas se sentirem vistas, ouvidas e respeitadas em sua integralidade (SOARES, 2024).

Neste cenário, a enfermagem emerge como uma força vital e transformadora. Somos os olhos e os ouvidos da saúde, com a proximidade única que nossa profissão nos proporciona. Nossa atuação vai muito além da administração de medicamentos; somos terapeutas por natureza, com a escuta qualificada e o olhar sensível que acolhem o sofrimento, identificam sinais de angústia e constroem pontes de confiança. Nosso engajamento no Setembro Amarelo é, portanto, uma extensão natural de nosso papel como promotores da vida.

E a Enfermagem, por sua natureza humanista e integradora, ocupa um papel essencial nesse cenário. Profissionais de enfermagem são muitas vezes os primeiros a identificar sinais de sofrimento emocional, seja em pacientes, familiares ou colegas de equipe. Sua escuta qualificada, empatia e capacidade de acolhimento fazem deles terapeutas do cotidiano, agentes de transformação silenciosa e profunda (COSTA et al., 2022).

Além disso, a Enfermagem atua como educadora em saúde mental, promovendo ações de prevenção, orientação e cuidado. Seja em ambientes hospitalares, unidades básicas de saúde ou espaços escolares, enfermeiras e enfermeiros têm o poder de disseminar conhecimento, quebrar tabus e incentivar o autocuidado.

A enfermagem está na linha de frente do cuidado. Nossa presença constante nos hospitais, clínicas e comunidades nos coloca em uma posição privilegiada para intervir e proteger. A empatia e a capacidade de observação são ferramentas poderosas. Um simples "como você está?" pode abrir portas para um diálogo significativo. A enfermagem tem a competência técnica para avaliar riscos, encaminhar para serviços especializados e, acima de tudo, para ser um porto seguro para aqueles que enfrentam crises emocionais.


Cuidando de Si e dos Seus

A nobreza da profissão, no entanto, não nos torna imunes às pressões. A sobrecarga de trabalho, o estresse e as longas jornadas podem minar nossa própria saúde mental. É fundamental que, como profissionais de saúde, pratiquemos o autocuidado. A autocompaixão é um ato de amor próprio e de responsabilidade profissional. Acolher nossas próprias vulnerabilidades nos torna mais aptos a acolher as dos outros. O Setembro Amarelo também é um convite para que cuidemos de nossa saúde mental, para que possamos ser o farol que ilumina o caminho dos nossos pacientes, familiares e colegas.

Reiteramos: é fundamental reconhecer que os profissionais de Enfermagem também são sujeitos de cuidado. A rotina intensa, a sobrecarga emocional e os desafios éticos exigem atenção à saúde mental da equipe. Iniciativas como o programa Enfermagem Solidária, promovido pelo Cofen, oferecem apoio emocional gratuito e especializado, reforçando a importância do autocuidado e da valorização profissional (SOARES, 2024).

Como produtores de conteúdo, temos a missão de levar a informação onde ela precisa chegar. A tecnologia é uma aliada valiosa para a educação em saúde mental. Plataformas de teleconsulta, aplicativos de monitoramento de humor e grupos de apoio online são exemplos de como a inovação pode ampliar o acesso ao cuidado. Ferramentas de monitoramento de saúde mental são recursos que ampliam o acesso ao cuidado e fortalecem a autonomia dos profissionais e a Enfermagem, ao incorporar essas soluções, reafirma seu compromisso com a vida e com a evolução do cuidado.

Como educadores, podemos utilizar a tecnologia para desmistificar a saúde mental, disseminar informações precisas e encorajar as pessoas a buscarem ajuda. A tecnologia, quando usada com sabedoria, fortalece nossa capacidade de cuidar e de nos conectar.


Setembro Amarelo é mais do que uma campanha: é um chamado à empatia, à escuta e ao compromisso com o bem-estar coletivo. Que os profissionais de Enfermagem se reconheçam como protetores da vida, educadores da esperança e usuários conscientes do cuidado. Que cada gesto, cada palavra e cada silêncio sejam pontes para o acolhimento e para a construção de uma cultura de saúde mental mais justa, acessível e humana.


O Setembro Amarelo nos lembra que a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social. A enfermagem, com seu conhecimento técnico e sua humanidade, tem a responsabilidade de ser o elo que une a tecnologia e a ciência ao toque humano. Que este mês seja um catalisador para ações contínuas, um convite para que sejamos luz na vida de quem precisa. Que a cor amarela nos inspire a sermos, cada vez mais, agentes de esperança, cuidadores de nós mesmos, dos nossos e de todos que cruzam nossos caminhos.


Referências

Organização Mundial da Saúde. Ações para a Prevenção do Suicídio: Uma Estratégia Mundial. Genebra: WHO, 2014.


Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Campanha Setembro Amarelo. Disponível em: https://www.setembroamarelo.org.br/. Acesso em: 04 set. 2025.


MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2020.


COSTA, Lucas Manoel Oliveira et al. Setembro amarelo: a experiência de estudantes de enfermagem sob a lente da saúde mental. Research, Society and Development, v. 11, n. 9, 2022. DOI: https://doi.org/10.33448/rsd-v11i9.31818


LIMA, Beatriz Araújo et al. Promovendo saúde mental da equipe no Setembro Amarelo: um relato de experiência. Revista CITE, Universidade Federal de Campina Grande, 2023. Disponível em: https://revistas.editora.ufcg.edu.br/index.php/cite/article/download/6294/3826/11928


SOARES, Filipe. Enfermagem e Saúde Mental: Um Olhar Especial no Setembro Amarelo. Biblioteca Virtual de Enfermagem - Cofen, 2024. Disponível em: https://biblioteca.cofen.gov.br/enfermagem-e-saude-mental-um-olhar-especial-no-setembro-amarelo/


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