INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL - INFORMAÇÕES INERENTES À ENFERMAGEM


Considerada uma qualidade humana, a inteligência vem sendo identificada também como uma capacidade inerente às máquinas computacionais que apresentaram uma evolução vertiginosa passando de grandes aparatos tecnológicos pesados e caros a gadgets pessoais altamente eficientes e miniaturizados com grande capacidade de armazenamento e interação por algoritmos. 

A evolução tecnológica permitiu o desenvolvimento de equipamentos capazes de simular o pensamento humano, chamadas de “inteligentes”.

Foi Alan Turing, nos anos 50, quem primeiro forjou o termo Inteligência Artificial (AI ou IA em português) como forma de chamar a atenção para seu “supercomputador” que conseguia simular uma rede neural e se conectar com outras máquinas; levantando a questão se as máquinas podiam “pensar”.

Mas o próprio conceito de inteligência não é definido de forma consensual pelos cientistas. Howard Gardner, pesquisador americano, psicólogo cognitivo e professor da Universidade de Harvard, em 1983, desenvolveu o conceito de inteligências múltiplas (linguística, lógico matemática, espacial, corporal-cinestésica, interpessoal, intrapessoal, naturalista e musical); na qual essas oito capacidades independentes são uma maneira de pensar, resolver problemas e interagir de uma forma ou de outra em escalas diferentes em cada pessoa, caracterizando sua inteligência conforme essa ou aquela habilidade predomina. 

Segundo Dr. Miguel Nicolelis, neurocientista grande conhecedor dos circuitos neurais, o conceito de inteligência é uma propriedade emergente da matéria orgânica (resultante da interação entre os organismos com o meio ambiente e com outros organismos) e por isso, chamar de inteligência artificial um sistema computacional (que não é inteligente nem artificial, pois depende de trabalho humano para sua programação, direcionamento e validação de conteúdo produzido através de uma criatividade neurobiológica que é analógica) não é o termo adequado.

IA é “treinada” através da “alimentação” de um banco de dados extenso de tudo que já foi construído e disponibilizado por seres humanos, ou seja, a IA é o compilado de métodos estatísticos e conteúdo do que já foi feito responde a questionamentos e gera respostas, mas de uma forma diferente, não é novo.

IA faz parte de uma área de conhecimento que se chama aprendizado de máquina (uma base de conhecimento que se auto alimenta buscando informações e aprende de acordo com essas informações); mas não aprende a criar. Imita padrões estabelecidos e quando sai do padrão gerando respostas erradas dizemos que "alucinou". Seria a alucinação uma forma de "criatividade" ou seria defeito (erro ou bug)?

O cérebro humano sim,  tem a capacidade de inovar. Assim como a IA usa o passado como experiência se comportando conforme a necessidade e criando de acordo com suas habilidades, gostos, expectativas; mas pode criar o futuro através da imaginação.

Existem tipos de IA: generativa pura e simples (gera de forma autônoma textos de acordo com o contexto solicitado); e a pré-treinada, onde em uma fase prévia de treinamento, uma quantidade de dados textuais são apresentadas para formar um padrão específico para as respostas que são solicitadas.

A limitação da IA é que não fornece respostas em tempo real pois foi alimentada com conteúdo de um tempo limitado (geralmente até janeiro de 2022). Novas versões são atualizadas com material mais recente ou com conteúdos específicos. Em agosto de 2024 temos pelo menos 50 IAs disponibilizadas por grandes empresas. 

Também é uma afirmação de Nicolelis que a empatia humana não é computável, não há definição de algoritmo, fórmula, regra de adesão das emoções como intuição, empatia ou solidariedade, não são descritivos matematicamente e por isso não tem como profissões como advogado, escritor, um cientista, um  poeta ser substituído por um sistema digital.  Os fenômenos naturais são "não computadorizáveis". Incluo aí o profissional da Enfermagem.


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OUTRAS CONSIDERAÇÕES: 

 - Os algoritmos são alimentados por conteúdo através de humanos (“treinamento” de IA), sendo assim, pode conter problemas como preconceitos, limitações, vieses. Nada que não possa ser "consertado" com ajustes para local, clima, culturas diferenciadas.

- Precisamos para a evolução tecnológica da Enfermagem trazer também os técnicos de Enfermagem para a mesma lógica digital e isso só vai acontecer com informação; temos que continuar estudando e pesquisando e estendendo para todos os níveis da Enfermagem o acesso à tecnologia.

- É importante produzir informação de qualidade e sem fake news e por isso é necessário que o material produzido através da IA seja revisado e produzido com “prompts” (comandos) de solicitação bem definidos. 

- O Brasil já está definindo o marco regulatório para IA através de Projeto de Lei e outras considerações devem ser relevantes como Lei do Direito Autoral, Lei Geral da Proteção de Dados. Importante também são os princípios éticos, sociais e morais da sociedade.

- limitação de uso deve ser estimulada, principalmente com os mais jovens: excesso de interação com tela pode dificultar o desenvolvimento de certas habilidades cognitivas reprimindo a criatividade.  

- As diversas revoluções que influenciaram a humanidade na verdade é o somatório das anteriores aplicadas às inovações. Devemos assimilar as novas tecnologias e lembrar o que deu certo e o que deu errado. Referendar, aprimorar e repetir o que deu certo e reformular o que deu errado.


E em relação à Enfermagem?

Enfermagem como qualquer outra profissão deve estar atenta às possibilidades que as novas ferramentas tecnológicas oferecem para facilitar o seu dia a dia.

Em sua vida pessoal o uso de IA já é uma realidade no uso de seu celular, nas empresas com a qual interagem (comunicação, transporte, consumo…).

Na vida profissional, além da IA já disponibilizadas nos equipamentos de saúde, (conforme a empresa onde exerce sua atividade); buscar aprender a melhor forma de utilizar a IA, adquirindo habilidade de formular prompts (comandos) eficientes e eficazes com o objetivo de obter o melhor que a ferramenta pode proporcionar para gerar textos, modelos de relatórios, prever riscos, obter tradução de idiomas que não domina, comparar resultados, desenvolver produtos mais rápidos entre outras possibilidades. 

Em outras postagens já ensinamos a usar IA Gemini, fornecemos dicas possibilidades de uso da IA na área da saúde e dedicamos também uma postagem sobre a possibilidade de substituição profissional.

Você não será substituído pela IA, mas sim substituído por quem usa a IA, 

Não fique fora dessa, a IA está entre nós e nos convida a aproveitar suas facilidades.


Referências:

Esse texto é derivado de conversas, cursos, entrevistas e leituras que a equipe do blog TECNOLOGIA PARA ENFERMAGEM tem participado. A equipe é composta por enfermeiros interessados em tecnologia e que vem aprendendo com essas mídias disponíveis.

Cursos específicos na área de tecnologia (inclusive já existe curso de Graduação em Inteligência Artificial), porém o objetivo de nossa página é introduzir e atiçar a vontade do profissional de Enfermagem (nível médio, superior ou pós-graduação) a querer aprender mais e disponibilizar esse conhecimento aos colegas a fim de fazer a evolução da profissão. estamos à disposição para colaboração.

tunacatunna@gmail.com


Comentários

  1. Boa noite. Achei muito interessante o texto. Trabalho com a formação de profissionais técnicos e gostaria de saber como posso me instrumentalizar como mais conhecimento sobre a aplicabilidade da IA junto para a formação deles e para que saiam mais preparados para essa nova realidade que estamos vivendo na área da Saúde.

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